terça-feira, 4 de agosto de 2009

"Bnei Anussim" um perigo na internet

Muitos nos dias de hoje, e principalmente (e talvez quase que exclusivamente no Brasil) se deparam na internet com sites que levam consigo a “bandeira” Bnei Anussim... Dentre estes encontramos grupos que se intitulam “comunidades judaicas”, alem é claro de usarem para isso termos como “kasher”, “sefardita”, “sefaradi”, “Inquisição”, “marranos” e demais termos provenientes do hebraico ou de denominações históricas que cercam a saga judaica no referente à Inquisição ou ainda de conteúdo religioso...

Menções á Sábios Judeus, a famosas comunidades, são algo que não faltam nestes. Porem algo que se demonstra cada vez mais claro é falta de informações que confiram a tais instituições e comunidades tal idoneidade. Sempre mencionam seus “rabinos”, dizem ter estes estudados em diversas Ieshivot, sendo algumas conhecidas, porem nunca fazem citações a que Rabanut estes pertencem (notem também o fato que ter estudado em uma Yeshivá não confere automaticamente a Semichá, que é o titulo de Rav).

Essas e demais incongruências se fazem presentes nestes grupos, alem é claro de definitivamente, ir contra a uma das principais características judaicas, pois pregam o proselitismo. Convidamos a você, leitor, a adentrar em um breve estudo sobre a real situação e sobre a verdade referente a este assunto.

O que significa “Bnei Anussim”?

Em hebraico significa literalmente “filhos dos forçados”, termo que designa os descendentes dos judeus que na época da Inquisição foram obrigados a se converter ao cristianismo se não seriam mortos.

O que define um judeu?

O que define um judeu? O ventre judaico, ou a conversão segundo a Halachá (Lei Judaica), ou seja, pela ortodoxia.

Os “Bnei Anussim” são judeus?

Não. Mas para entender este ponto deve-se ver os seguintes fatores:
  • Os judeus espanhóis e portugueses que “se faziam” de cristãos, e seus descendentes (judeus não assimilados), para seguir com sua real Fé, logo fugiam para países onde pudessem viver normalmente e abertamente como judeus, a exemplo temos a famosa Sinagoga de Amsterdã.
  • Muitos fugiram sim para o Brasil, como historicamente é provado, e a princípio se fixaram em Recife. Porem quando a Inquisição fora instaurada aqui, a comunidade logo saiu de Recife, parte indo para Amsterdã, a maioria, como no caso do Rav desta, e outros, para Nova York, formando a primeira comunidade judaica dos Estados Unidos, existente até hoje e muito respeitada (e claro ortodoxa).
  • Os que ficaram no Brasil se assimilaram entre os cristãos, aceitando sobre si esta mesma crença. Casamentos mistos eram realizados, observavam os costumes destes... Claro que é possível haver exceções, porem estas de maneira alguma são possíveis de se comprovar hoje em dia, sendo que se fosse existente a possibilidade deveria ser feita uma melhor confirmação por um Beit Din (Tribunal Judaico), ver caso dos Falachás.
  • É claro e até mesmo óbvio que alguns iriam preservar determinados costumes judaicos, porem também é claro e óbvio que isso não faz de seus descendentes judeus.

Os “Bnei Anussim” tem o dever de se converterem?

Como se faz conhecido o judaísmo não é uma religião proselitista, e por tanto não existe nenhuma obrigação quanto a esta. A eles tanto quanto a qualquer outro não judeu existe a possibilidade da conversão, porem e somente, de forma ortodoxa. E aqui se deve lembrar que não existe “Conversão válida ao judaísmo no Brasil”, somente é possível o estudo e preparação para esta por meios ortodoxos.

Caso um Ben (ou Bat) Anus não queira se converter ele esta fazendo algo de errado?

De maneira alguma, como apontamos na questão anterior. Sob este recai as 7 Leis de Noach, o Código Noahide. E como qualquer outro não judeu (sendo que este também é um não judeu) que observa este Código é considerado como Maimônides descreve sendo: Chassidei Umot HaOlam ( Justos dentre as Nações), e é merecedor do Olam HaBá (Mundo Vindouro).

Existe algum vinculo destas falsas “comunidades” com os judeus Sefaradim?

De maneira alguma. Os judeus sefaradim são todos aqueles judeus oriundos de paises como Portugal, Espanha, norte da África (Marrocos, Tunísia, Egito...) e Oriente Médio (Iraque, Líbano, Síria...). Estes por sua vez são judeus ortodoxos, e de maneira alguma incentivam instituições pseudo-judaicas como estas, ou se quer vinculam seu nome a estas.

Existe alguma Instituição séria e reconhecida referente aos “Bnei Anussim”?

Sim, porem estas devem ser reconhecida pela Rabanut HaRashit em Israel como a Shavei Israel, ou por outra Rabanut Ortodoxa. Porem caso haja alguma dúvida sobre este aspecto se deve contatar um Rav ortodoxo.

Como reagir com estes “grupos pseudo-judaicos”?

Simplesmente não aceite ou concorde com estes, e avise a conhecidos que estejam se envolvendo com estes sobre os seus perigos e falsidades. Conte a estes também sobre a visão judaica sobre a conversão e as 7 Leis de Noach, o Código Noahide.

Conclusões deste pequeno e breve estudo:

  • Confira as fontes dos sites que você entra dos livros, citações, caso necessário procure um Rabino ortodoxo se houver alguma dúvida.
  • Procure uma autoridade ortodoxa se necessário, caso tenha dúvidas em relação a alguma possível instituição.
  • Desconfie de sites “judaicos” que realizam proselitismo.
  • Todos podem falar que estudaram ou não em algum lugar, peça comprovação desta afirmação, por parte de alguma fonte ortodoxa.

Esperamos que este artigo acrescente em sabedoria para aqueles que desconheciam este assunto e relembre aos que já conhecem.

Obs.: Sempre consulte um Rav Ortodoxo em caso de dúvida, referente ao assunto.

5 comentários:

  1. B"H

    Ótimo artigo. Vale realçar que (1) não existem conversões no Brasil, mas existe sim um grupo de rabinos ortodoxos que entrevistam candidatos à conversão em estados avançados de seus conhecimentos, a fim de lhes conferirem uma carta de recomendação. Com esta carta e em Israel, as coisas procedem mais facilmente.
    (2) Após os aspectos rituais da conversão, a validade desta se dá ainda através de uma Teudá casher e reconhecida. Este é um documento que prova a conversão ortodoxa. Sem isso, nenhuma comunidade ortodoxa no mundo aceitará a pessoa como sendo um judeu/judia convertido(a).

    Rabino Avraham Chachamoits

    ResponderExcluir
  2. Dos vinte e poucos navios nos quais os judeus de Recife foram embora quando os portugueses expulsaram os holandeses, apenas 3 foram para o porto que hoje é Nova York, e não a maioria. Os demais foram para a Europa, principalmente Holanda. Vide o livro Bandeirantes Espirituais do Brasil, do Rabino Y. David Weitman, publicado pela Maayanot.

    ResponderExcluir
  3. Realmente Rodrigo, acabei de rever o texto e percebi que inverti o local de "a maioria"... estou providenciando agora mesmo a retificação do tal... grato pela observação!!!

    ResponderExcluir
  4. Sem dúvidas um bom texto para alertar aos que são descendentes de bnei anussim que a questão de voltar ao caminho da Torá não é algo tão simples, e ainda existe essas as "armadilhas" que foram muito bem citadas. Caso houvesse verdadeiramente tantos bnei anussim como se falam daria para lotar as sinagogas, mas verdeiros descendetes de bnei anussim que querem retornar passando por todo um processo ... ah meus caros são raros.

    De fato existem pessoas sinceram com desejo de corrigir uma situação, mas não sabem por onde começar e acabam sendo vítimas de messiânicos que os usam como fachada, são vítimas, também , de alguns que por interesse financeiro cobram por conversões como aconteceu em 2008 e 2007 dentro de um grande instituição judaica conservadora em SP onde pessoas foram convertidas por alguém desautorizado a exercício de rabino.

    Mas esse modismo de bnei anussim está passando, e pessoas interessadas em servir ao Eterno entenderão que podem fazê-lo muito bem enquanto um Bnei Noach, os descendentes de bnei anussim estarão mais esclarecidos e preparados para saber escolher a forma correta de retornar ao Caminho do Eterno.
    Bartolomeu Martins

    ResponderExcluir
  5. Também achei um ótimo artigo.
    Gostaria de saber se o site:

    www.judaismo-iberico.org

    está sob supervisão rabínica ortodoxa?

    ResponderExcluir